Então você veio até aqui para entender o que é essa técnica ou procurar alguém que realize liberação miofascial, pois te indicaram para ajudar na dor que você está sentindo no momento.
Estou escrevendo para te explicar o que exatamente é essa técnica — que muitos imaginam ser uma simples massagem, mas que na verdade tem um propósito bem mais específico.
Vamos lá…
Liberação miofascial é o nome utilizado para uma técnica manual profunda, com a intenção de alcançar e tratar a fáscia — um tecido muito importante que recobre e conecta músculos, tendões e ossos.
Vou explicar de forma simples, para que você entenda facilmente.
Você já observou um pedaço de carne crua, uma peça inteira, como aquelas que o açougueiro corta na hora?
Se lembrar dessa peça de carne, vai notar que existe uma pele fina, esbranquiçada e quase transparente que cobre toda a carne.
Essa parte fina é a fáscia — o tecido que conecta e envolve os músculos, ligando-os aos tendões e ossos.
Chamamos de tecido conectivo porque realmente conecta tudo no corpo humano.
Existem fáscias profundas, que envolvem também os órgãos, mas aqui falamos das fáscias superficiais, que são o foco da técnica chamada “Liberação Miofascial”
A fáscia precisa permitir que os movimentos corporais sejam livres.
Quando há restrições, o movimento fica limitado e o corpo perde sua fluidez natural.
Por exemplo:
se você não consegue colocar a mão direita nas costas, pode haver aderências na fáscia do músculo peitoral maior, impedindo a amplitude de movimento do braço.
Com o tempo, a fáscia restrita fica mais espessa, endurecida e a região torna-se muito sensível ao toque.
Sabe aquele “nozinho” nas costas, que dói quando alguém faz massagem e até faz barulho, como uma crepitação?
Pode ser um ponto de restrição fascial.
Provavelmente, todos nós — talvez apenas as crianças não tenham!
Ninguém tem postura perfeita nem movimentos totalmente livres.
Nosso corpo se adapta às posições de trabalho, estudo, atividades físicas ou emocionais, e isso influencia diretamente o tecido fascial.
Profissões com esforço repetitivo, longas horas sentadas ou em pé, além de inflamações articulares e cicatrizes, podem deixar marcas na fáscia.
Mesmo o estresse emocional pode gerar tensões musculares e restrições fasciais, principalmente em regiões como cabeça, pescoço e ombros.
A liberação miofascial é uma técnica manual terapêutica, não uma massagem relaxante.
Durante a sessão, o terapeuta aplica pressões lentas, firmes e direcionadas nas áreas com rigidez ou sensibilidade.
Essas manobras ajudam os tecidos a deslizarem melhor uns sobre os outros, melhoram a circulação e diminuem o estímulo doloroso que o sistema nervoso recebe.
Pode doer, sim — especialmente na primeira sessão, pois a fáscia ainda está muito rígida.
Mas nas sessões seguintes, conforme o tecido se solta, a dor diminui.
O paciente passa a sentir apenas pressão e alívio, e percebe o corpo muito mais leve.
Com sinceridade e base na minha experiência como fisioterapeuta — e também segundo as evidências científicas — a resposta é: não.
A liberação miofascial é uma grande aliada no tratamento da dor, quando associada a outros recursos da fisioterapia.
Por exemplo, um paciente com dor lombar crônica deve ser tratado com:
Exercícios de reabilitação da musculatura lombar;
Exercícios cardiovasculares;
Técnicas articulares e musculares;
Tratamento dos nervos periféricos;
Tratamento da sensibilização central (educação em dor);
E como complemento, a liberação miofascial.
Os estudos científicos ainda são limitados, mas mostram resultados promissores.
Hoje, não se recomenda a liberação miofascial como tratamento único para dor crônica — pela falta de evidências fortes.
“Alguns estudos sugerem benefício, mas a evidência ainda não é robusta.”
— Laimi et al., 2017 – Effectiveness of Myofascial Release in Chronic Musculoskeletal Pain
Leia o artigo no ResearchGate


Você pode agendar sua sessão de liberação miofascial, mas é importante saber:
A técnica é pontual e atua na região com disfunção miofascial, devolvendo mobilidade, circulação e alívio.
Mas o tratamento completo envolve uma visão global do corpo — exatamente o que fazemos na Baggio Osteopatia.